27/05/2010

As crises que nascem dentro das empresas: case iPhone

A crise que atingiu a empresa Foxconn, responsável pela fabricação do iPhone da Apple, e ainda fornecedora de componentes para as marcas Sony, Nokia, Dell e Hewlett Packard, a partir do fim de 2009, foi agravada essa semana. O complexo que forma a Foxconn é considerado uma verdadeira cidade dentro da província de Shenzen, na China, com fábricas, dormitórios para os funcionários e piscinas olímpicas. Entretanto essa suposta “boa qualidade de vida” garantida aos funcionários não foi suficiente para impedir 12 tentativas de suicídios (destes apenas duas pessoas sobreviveram).

Segundo matéria publicada hoje no jornal O GLOBO,

“Ativistas na vizinha Hong Kong vinham realizando protestos, pedindo que a população boicotasse a empresa deixando de comprar iPhones, como forma de pressionar a fábrica por melhorias nas condições de trabalho. Eles afirmam que as jornadas de trabalho são longas, as linhas de montagem têm uma velocidade muito alta e os chefes aplicam uma disciplina militar para lidar com os trabalhadores”.

Agora com a crise de imagem, a Foxconn toma medidas atrasadas. A contratação de psicólogos para acompanhamento dos funcionários e o treinamento de alguns destes para atuarem na empresa como conselheiros voluntários dentre os colegas, além do aumento do salário e promessa na diminuição das jornadas de trabalho são ações que deveriam ter sido adotadas antes que o clima organizacional chegasse a esse nível. O presidente acompanha equipes de reportagem em visitas às fábricas, mostrando que tudo está dentro das normalidades, mas o problema de origem da crise não é a infraestrutura visível e sim o posicionamento e princípios da empresa perante o colaborador e sob que condições ocorre esse relacionamento.

Outras ações como a colocação de redes nos prédios de dormitórios do complexo e a criação de um termo de compromisso, que obrigatoriamente é assinado por todos os colaboradores da empresa, prometendo que não irão dar fim às suas vidas, apenas demonstram a incapacidade da Foxconn em trabalhar com seu público interno e a falta de confiança depositada neles.

Dar a devida valorização aos seus colaboradores, trabalhando em parceria com eles, engajando-os com o negócio da empresa, e principalmente criando meios de diálogo que ajudem na percepção de suas necessidades, é papel da comunicação interna. Nitidamente essas ações que auxiliam na prevenção de crises com o público interno não foram valorizadas pela Foxconn, resultando na crise de imagem ainda sem solução efetiva.

3 comentários:

  1. Pois é, a megalomania desenfreada do Mr. Steve Jobs e seus colaboradores cegam o olhar clínico na escolha de empresas terceirizadas que prezem, antes de mais nada, pelo bem estar hde seus funcionários e depois, em decorrência desta medida, as vendas.

    Ótimo post! Mereceu uma twittada!
    Aliás, follow me: @felipelops

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  2. Olá Felipe. Realmente é importante que não apenas as enpresas adotem posturas éticas, incentivem valores e novas atitudes, mas que elas cobrem isso de seus parceiros como eixgência para se trabalhar em conjunto. Essa é a única forma de manter a coerência e evitar boatos.
    Obrigada pelo comentário e pela twittada!

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